Nota biográfica: Beato Anacleto González Flores
Beato Anacleto González Flores (1883-1927) nasceu em 13 de julho de 1888, na cidade de Tepatitlán, Jalisco. Martirizado no dia 01 de abril de 1927, em Guadalajara, pelos soldados callistas.
Advogado; catequista; professor de literatura; jornalista; escritor; político; Líder da “U” (União Popular); Líder da A.C.J.M; Líder da Liga; condecorado pelo Papa Bento XV com a Cruz Pro Ecclesia et Pontifice; beatificado por Bento XVI no dia 20 de novembro de 2005.
Alguns excertos do Beato Anacleto González Flores:
“Afastaram Cristo das leis, das escolas, dos parlamentos, das cátedras, da imprensa, da via pública, em uma palavra, de todos os pontos dominantes da vida pública e social. E trata-se de restabelecer, hoje, o reinado público de Cristo, sobre os despojos do laicismo totalmente fracassado como sistema de vida, de política, de governo e de orientação para os povos.
Porque Cristo não necessita de nós para fundar seu reino e para expandi-lo por todo o mundo; mas se não necessita de nós nem de nossas vidas, deseja, porém, estabelecer seu reinado por meio dos nossos esforços, das nossas lutas e das nossas batalhas.
E isto deve ser enfatizado hoje, porque se os católicos continuarmos desorientados nesse ponto, correremos o perigo de que jamais se estabeleça o reinado de Cristo em Nossa Pátria.” (Anacleto Gonzáles Flores, “Para que Cristo reine”)
Oração composta por Anacleto González Flores para ser rezada ao final do Santo Rosário:
Jesus misericordioso, meus pecados são mais numerosos que as gotas de sangue que derramastes por mim. Não mereço pertencer ao exército que defende os direitos de Tua Igreja e que luta por Ti. Quisera nunca haver pecado para que assim minha vida fosse uma oferenda agradável aos Teus olhos. Lava-me das minha iniquidades e limpa-me dos meus pecados. Por tua Santa Cruz, por minha Mãe Santíssima de Guadalupe, perdoa-me. Não soube fazer penitência dos meus pecados; por isso quero receber a morte como um castigo merecido por eles. Não quero lutar, nem viver, nem morrer, senão por Ti e por Tua Igreja.
Mãe Santa de Guadalupe, acompanha em sua agonia este pobre pecador. Concede-me que meu último grito na terra e meu primeiro cântico no céu seja: Viva Cristo Rei!
Martírio de Anacleto González Flores:
"Chegando ao destino, logo começou o interrogatório. O que buscavam era que Anacleto reconhecesse seu papel na luta cristera e denunciasse os que integravam o movimento armado em Jalisco; também queria que ele revelasse o lugar onde o bispo Orozco y Jiménez ocultava-se [...]. Reconheceu totalmente seu papel no movimento que ocorria na cidade, mas nada disse de seus camaradas, nem do paradeiro do prelado [...].
‒ Diga-nos, fanático miserável, onde se oculta Orozco y Jiménez?
‒ Não sei.
Uma lâmina mutilava seus pés. Como disse Gómez Robledo “o homem que viveu pela palavra vai morrer pelo silêncio”.
‒ Diga-nos, quem são os chefes dessa maldita Liga que pretende derrubar a nosso chefe e senhor General Calles?
‒ Não existe mais que um só Senhor dos céus e da terra. Ignoro o que me perguntam [...].
Depois de pendurá-lo, deram-lhe um forte golpe com a culatra da arma no ombro. Com a boca escorrendo sangue pelos golpes, começou a exortá-los com aquela eloquência sua, tão vibrante e apaixonada [...]. Suspenderam as torturas. Simulando um “conselho de guerra sumaríssimo”, que condenou os prisioneiros à pena de morte [...].
“Direi só uma coisa; que é: trabalhei com todo desinteresse para defender a causa de Jesus Cristo e de sua Igreja. Vocês me matarão, mas saibam que comigo não morrerá a causa [...]”.
A soldadesca separou Florencio Vargas Gonzáles do grupo dos sentenciados, por crerem, erroneamente, que ainda não havia atingido a maioridade.
Anacleto sangrava abundantemente e o general ordenou que fosse formado o pelotão de execução, mas Anacleto pediu que os irmãos Vargas e Luis Padilla fossem fuzilados primeiro, para que ele pudesse confortá-los até o último momento.
Dominando suas dores físicas, exortou seus irmãos de martírio a sofrer com integridade sua libertação eterna, e como Luis fez-lhe saber seu desejo de confessar-se, Anacleto respondeu-lhe:
‒ Não, irmão, já não é tempo de confessar-se, mas de pedir perdão e perdoar. É um Pai, e não um Juiz, Quem te espera. Teu próprio sangue te purificará.
Os quatro rezaram em voz alta, o ato de contrição. Mal tinham acabado de rezá-lo e Jorge e Ramón Vargas Gonzáles foram fuzilados [...].
General, perdoo o senhor de coração; muito em breve nos veremos diante do tribunal divino; o mesmo Juiz que vai me julgar, será seu Juiz, e então o senhor terá em mim um intercessor diante de Deus [...]. O senhor me matará, mas saiba que comigo não morrerá a causa. Muitos estão atrás de mim dispostos a defendê-la até o martírio. Eu vou, mas com a segurança de que logo verei, do Céu, o triunfo da Religião e da minha Pátria… Que pela segunda vez as Américas ouçam este santo brado: Eu morro, mas Deus não morre! Viva Cristo Rei!" (Padre Javier Olivera Ravasi, “A contrarrevolução cristera”, pág. 236-237)
Felipe Matheus dos Santos Silvestre, graduando em História pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Que texto e história esplêndida, professor! Anacleto González Flores, servo de Deus, rogai por nós!
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